sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Cuidados Paliativos: Uma Alternativa à Eutanásia

A tendência para recorrer à eutanásia está a ganhar terreno, no entanto, este recurso fará com que os médicos não se empenhem tanto na medicina paliativa.
Caminhamos nitidamente para uma cultura da morte, porém isto só sucede porque não são facultados aos doentes os cuidados oportunos. Qualquer pessoa recusaria a ideia de eutanásia se dispusesse de alternativas ao seu sofrimento e os cuidados paliativos podem ser a alternativa. Isto porque, a paliação pode proporcionar ao doente uma ajuda eficaz contra a dor e um conveniente suporte psicológico que faria com que nenhum doente encarasse a morte como única opção.
Segundo Herbert Hendin, catedrático de psiquiatria de Nova York, “ a eutanásia identifica o médico com a morte, porque é o médico e, não a doença, que determina quando deve morrer o doente. Os médicos evitam os doentes terminais, mas a sua obrigação é permanecer junto deles, tratando-os quando não os podem curar (…). Se os médicos conhecessem melhor a medicina paliativa haveria menos casos de eutanásia. Quando alguém sabe que a sua doença é incurável, sente medo da dor. Por esse motivo o doente opta pela eutanásia, porque desconhece que os cuidados paliativos podem reduzir a dor e dar apoio e estabilidade ao doente.”
“Viver com a consciência certa de uma morte próxima é essencial para viver os últimos momentos da existência de uma maneira digna e plena”. (Oskar Mittag).

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

"Cuidados Paliativos - Testemunhos"

“Cuidados Paliativos – Testemunhos” de Isabel Galriça Neto foi apresentado no dia 8 de Outubro na Livraria Alêthea, em Lisboa. A autora, licenciada em medicina e com um mestrado em Cuidados Paliativos, é deputada do CDS-PP e Presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos.
“Este livro surgiu de vivências pessoais e contacto com outros profissionais. Não é só de pessoas de quem cuidei ou com quem estive mais directamente ligada” esclarece a autora.
A deputada revela ainda que um dos percursos que mais a marcaram foi o de António Feio, que participou também no livro. “ O testemunho dele foi para nos dizer que mesmo doente não deixou de apreciar a vida e esteve em condições para o fazer. Ele próprio dizia que não estava com dores e teve um fim de vida muito intenso”
O seu avô morreu com um cancro há 14 anos e o seu pai foi vítima de Alzheimer há 6 anos. Casos que acompanhou de perto e que lhe serviram para o resto da vida: «Essas alturas foram decisivas para enveredar pelo que faço hoje.»



quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Vida, Morte e Cuidados Paliativos

    
Como morremos nos dias que correm é um dos temas mais difíceis, mas também um dos mais importantes.
O tema da intervenção da Dra. Isabel Galriça Neto foi claro: durante muitos anos, alguns médicos abandonaram pacientes que estavam a morrer; e a aproximação da morte era vista como um fracasso. Mas, insistiu ela, todos nós vamos morrer, e esta é uma fase da nossa vida, nem mais nem menos. Pacientes que estão a morrer precisam de cuidados como qualquer outro paciente, e mais do que qualquer outra coisa, precisam de ser acompanhados, não abandonados.
Este tema é um daqueles que despertam paixões, que envolve toda a gente, que toca profundamente a nossa fé e as nossas ideias.  Não há soluções simples. Mas, das duas pessoas próximas que faleceram e das pessoas à volta delas, aprendi uma coisa; a maneira como entramos neste mundo e a maneira como partimos diz muita coisa sobre a nossa cultura.
 
Embaixador Luso-Britânico, Jornal Expresso ( 14 Maio de 2010)