quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Visita à Unidade de Cuidados Paliativos do IPO de Coimbra.


Dia 18 de Fevereiro tivemos a nossa segunda saída de campo. Desta vez visitámos a unidade de Cuidados Paliativos do IPO de Coimbra. Saímos de Fátima bem cedo para estarmos no IPO as 10 horas da manha. A doutora Florbela esteve à nossa disposição durante o resto da manha para responder as nossas perguntas e nos mostrar as instalações.
            A doutora Florbela disse-nos que aquela unidade se destinava especificamente para doentes oncológicos que vinham do IPO. Antes de irem para os cuidados paliativos os doentes tinham que fazer cirurgia depois tratamento de quimioterapia e radioterapia e só se tudo isto não resultasse é que estes eram encaminhados para esta unidade. No entanto existem doentes que desistem ou não querem fazer tratamentos de quimioterapia ou radioterapia já que o sofrimento é muito grande e por isso vão logo para os cuidados paliativos. Isto não é muito frequente já que os doentes sabem que as esperanças são muito reduzidas.
            Existem poucas pessoas a trabalhar em Cuidados Paliativos porque é uma área pesada, porque se lida com muito sofrimento, apenas com muita dedicação é que conseguem. No entanto também não existe muita formação nesta área e é uma lacuna nos cursos de medicina não haver cadeiras específicas de cuidados paliativos.
            A doutora falou-nos de dois modelos de cuidados paliativos: o tradicional e o continuado. O primeiro é o mais usado no entanto é menos recomendado. Neste as equipas paliativas e curativas trabalham em separado ou actua uma ou actua outra. No segundo modelo a equipa curativa e paliativa trabalham em conjunto e à medida que o trabalho de uma equipa diminui o trabalho da outra aumenta. Este sim é o mais recomendado e mais eficaz.
            No fim da conversa falou-nos dos diversos tipos de fármacos que eram utilizados, os graus de dor e os diversos sintomas que os doentes apresentavam, causas e formas de os tratar.
            No fim fizemos uma visita à unidade, conhecemos as diversas salas que o compunham e as pessoas que trabalhavam lá e visitámos alguns doentes.
           
“Nós aqui tratamos sintomas e não a doença porque esta já não tem cura” Doutora Florbela

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Os serviços de Cuidados Paliativos podem ser organizados com as seguintes tipologias:

1.      Unidade de Cuidados Paliativos – centrada em instalações e lugares de internamento próprios, especificamente dedicadas a Cuidados Paliativos;

2.      Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos – dirigidas a doentes internados, em hospitais ou outras unidades de internamento;

3.      Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos – dirigidas a doentes ambulatórios, em equipas domiciliários ou internados em Unidades de Cuidados Continuados.

As equipas multidisciplinares de Cuidados Paliativos devem incluir pelo menos:

a.      Médicos com formação diferenciada em Cuidados Paliativos, que assegurem a visita diária e assistência durante todos os dias da semana, incluindo as chamadas e visitas urgentes durante a noite;
b.      Enfermeiros com formação diferenciada em Cuidados Paliativos em permanência efectiva, durante 24horas;
c.       Auxiliares de acção médica em permanência efectiva durante as 24horas;
d.      Apoio psicológico que possa assegurar visita diária aos doentes, suporte às famílias e apoio aos profissionais;
e.      Fisioterapeuta e terapeuta ocupacional que possam assegurar apoio diário aos seus doentes, de acordo com os planos terapêuticos individuais;
f.        Técnico de serviço social;
g.      Apoio espiritual estruturado;
h.      Secretariado próprio;
i.        Coordenação técnica da unidade.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Placard do dia do doente

O dia mundial do doente celebra-se a 11 de Fevereiro e foi instituído pelo Papa João Paulo ІІ em 1992 com o objectivo de apelar à humanidade para que seja promovido um serviço de maior atenção à pessoa doente. Para comemorar este dia o nosso grupo decidiu fazer um placard informativo sobre os cuidados paliativos. Com este placard pretendemos dar a conhecer o nosso trabalho e os cuidados paliativos.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Vontade de morrer?

Todas as pessoas têm medo do sofrimento na doença, todos tememos a dependência física e todos olhamos com pavor para os corredores de doentes terminais nos hospitais mas estes nossos pavores e temores não podem ser o único critério para avaliar uma questão tão radical como a eutanásia.
Ninguém quer agonizar eternamente numa cama de hospital nem ninguém sonha com um fim de vida de solidão e dor. Acontece que muitos ainda desconhecem que há técnicas para intervir e reduzir substantivamente esse sofrimento. Para uns a eutanásia pode parecer a “solução ideal” que vem resolver o sofrimento terminal no mundo mas existem soluções infinitamente mais humanas e humanizantes. São exemplo disso os cuidados paliativos.
Sabemos que a esmagadora maioria das pessoas doentes não quer morrer se não estiver em sofrimento. Há incontáveis estudos científicos que provam esta afirmação e, nesta lógica, todas as pessoas deviam ter direito a cuidados técnicos e humanizados, coisa que em Portugal não acontece senão a uma ínfima percentagem de doentes. Apenas 8 por cento tem acesso aos cuidados paliativos e este sim devia ser o centro de uma discussão muito anterior a qualquer debate sobre a eutanásia.
A forma como tratamos os mais vulneráveis e os mais dependentes diz muito sobre o estádio de desenvolvimento da nossa sociedade.