Todas as pessoas têm medo do sofrimento na doença, todos tememos a dependência física e todos olhamos com pavor para os corredores de doentes terminais nos hospitais mas estes nossos pavores e temores não podem ser o único critério para avaliar uma questão tão radical como a eutanásia.
Ninguém quer agonizar eternamente numa cama de hospital nem ninguém sonha com um fim de vida de solidão e dor. Acontece que muitos ainda desconhecem que há técnicas para intervir e reduzir substantivamente esse sofrimento. Para uns a eutanásia pode parecer a “solução ideal” que vem resolver o sofrimento terminal no mundo mas existem soluções infinitamente mais humanas e humanizantes. São exemplo disso os cuidados paliativos.
Sabemos que a esmagadora maioria das pessoas doentes não quer morrer se não estiver em sofrimento. Há incontáveis estudos científicos que provam esta afirmação e, nesta lógica, todas as pessoas deviam ter direito a cuidados técnicos e humanizados, coisa que em Portugal não acontece senão a uma ínfima percentagem de doentes. Apenas 8 por cento tem acesso aos cuidados paliativos e este sim devia ser o centro de uma discussão muito anterior a qualquer debate sobre a eutanásia.
A forma como tratamos os mais vulneráveis e os mais dependentes diz muito sobre o estádio de desenvolvimento da nossa sociedade.
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