quinta-feira, 17 de março de 2011

História dos Cuidados Paliativos

      No século XX, e particularmente após a Segunda Guerra Mundial, houve o grande avanço científico nos campos médico-cirúrgico, farmacêutico e na tecnologia de diagnóstico e apoio, ao qual se aliou à socialização maciça da medicina para despi-la de sua túnica de humanidade. O exercício da medicina tornou-se progressivamente impessoal. O esforço para prolongar a vida por meios artificiais tornou-se uma obsessão científica. A tríade do ser humano – corpo, mente e espírito – foi ignorada, cuidando-se tão somente do primeiro componente. O ensinamento bíblico do Eclesiastes 3,2: “há um tempo de nascer e um tempo de morrer”, foi completamente esquecido. Na avaliação dos resultados terapêuticos de doenças crónicas e fatais, passou-se a valorizar o tempo de sobrevida e não a qualidade de vida. Aliás, quando a evolução do processo mórbido desafiava e derrotava todas as intervenções terapêuticas, a equipa médica  retirava-se do campo deixando o doente entregue ao seu destino, pois nada mais havia a faze.
      Em 1967, a enfermeira inglesa (e posteriormente médica e assistente social) Cicely Saunders, condoída e inconformada com o sofrimento físico, psicológico, espiritual, familiar, social e económico destes seres humanos, tomou a si a tarefa de cuidar dos mesmos, tratando-os de seus sofrimentos globais, isto é, do corpo, da mente e do espírito. Para tanto procurou a colaboração dos profissionais que actuam na tríade humana. A sua intenção era tornar digna e confortável a vida restante: “dar mais vida aos dias do que acrescentar dias à vida”. Cicely fundou o St. Christopher’s Hospice em Londres. A sua determinação e esforço foram coroados de êxito ao conseguir aliviar o sofrimento e dignificar o final de vida de seus doentes. Na Inglaterra existem hoje 470 hospices. Nos Estados Unidos o número ultrapassa 5.000. Na Europa, Canadá, Austrália e Japão, eles estão em expansão

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